quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Um ponto de vista sobre a beleza

O que vemos exteriormente em um ser humano é só uma aparência: a sua beleza está guardada ou nasce em seu coração. Logo, cada um olha as pessoas à sua maneira, pois, como bem disse Leonardo Bof, "todo ponto de vista é a vista de um ponto". Assim, para descobrirmos o que há de belo em alguém temos que nos lançar à experiência do conhecimento e da descoberta, já que nossas visões acerca do outro são, naturalmente, conduzidas por pré-noções e juízos de valor.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O valor da competência: um incentivo ao estudo



Conta-se que certo empresário, quando sua grande indústria iniciava mais um dia de produção, foi avisado de que o computador principal da empresa, cuja rede era por ele gerenciada, havia parado.

Agitado pela possibilidade de acumular prejuízo considerável caso a unidade não operasse, o patrão ordenou ao seu gerente-geral que contratasse – imediatamente – o melhor técnico em informática que encontrasse na cidade.

Ao adentrar a sala onde ficava o computador, o profissional logo recebeu do inquieto chefe a recomendação:

____ Preciso que você descubra o que aconteceu com este computador e o repare, pois minha indústria está parada.

____ Claro, patrão, estou aqui pra isso, disse o técnico.

Por alguns poucos minutos o profissional fitou a máquina, por vários ângulos, deslizou os dedos das mãos sobre ela, mas nenhuma atitude de manutenção tomou.

De repente, como quem tinha certeza do que estava fazendo, chamou um ajudante que o acompanhava e solicitou:

____ Aperte aquele parafuso (apontando com o indicador na direção da parte traseira da CPU).

Assim o fez o auxiliar técnico e, no mesmo instante, o computador voltou a funcionar. Era um parafuso que havia se soltado de uma pequena peça da CPU, deixando-se flexível e sem estabilidade para funcionar. 

O empresário alegrou-se. E, já apressado para retomar os trabalhos, perguntou àquele profissional:

____ Quanto custa a manutenção, meu jovem.

____ Dois mil reais, respondeu com convicção o trabalhador.

____ Dois mil reais por menos de dez minutos de trabalho? Retrucou o capitalista. Ainda construindo outros argumentos para baratear o serviço, embora sem sucesso.

Não satisfeito com o valor cobrado pelo serviço, mas já o tendo recebido, o patrão determinou ao setor financeiro da empresa que executasse o pagamento ao técnico, apenas solicitando que este deixasse uma nota fiscal com a especificação do trabalho.


Na nota, o trabalho assim especificou: aperto de parafuso – R$ 1,00; saber qual parafuso apertar: R$ 1.999,00.
 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Paulo Freire e Demerval Saviani: duas concepções sobre educação - diálogo com estudantes


Para Saviani, a educação (enquanto natureza) parte de um processo de trabalho, ou melhor, constitui-se um. Nesse sentido, o homem é um ser que, constantemente, produz para depois (re)produzir, sendo este produto dado pelo trabalho. É a partir desse movimento histórico que os humanos fazem cultura, e a fazem coletivamente. Daí porque se diz que ao homem cabe adaptar a natureza, transformá-la, é para se dizer que suas necessidades são as suas sabedorias.

Desse modo, Demerval pensa a educação como (também) uma atividade produtiva, dentro das culturas que os homens coletivizam. Para ele, tudo passa pela produção da existência humana, pressuposto que coloca o homem num processo permanente de trabalho para garantia da sobrevivência. Dentro deste ato de produzir, Saviani então coloca as expressões trabalho material e trabalho não-material, para se referir à questão dos bens.

Para justificar a primeira, o autor lembra dos bens materiais, necessários à subsistência material de cada indivíduo; em relação à segunda, fala dos saberes e/ou produtos subjetivos, ou seja, as ideias, artes, os conceitos, valores, símbolos, hábitos, habilidades etc. E aqui Demerval inclui a educação.

Assim, Saviani pressupõe o ato de educar como um ato produtivo e consumível, ao mesmo tempo. No caso do ensino em sala de aula, por exemplo, afirma ser o professor um produtor (neste caso do conhecimento; atividade não-material), aquele que está produzindo para o consumo dos educandos.

Diferentemente do primeiro teórico, Paulo Freire entende a educação como um ato gnosiológico. Em outras palavras, Freire parte da ideia de reciprocidade, ganho mútuo, interação. Para ele o homem é um ser em construção, não importando a posição que ocupe: por estarem no e serem do mundo (e pelas suas incompletudes), os homens carecem de relações.
No caso do ensino em sala de aula, outra vez, professor e alunos – segundo Freire – aprendem, interagem, crescem. E o fazem porque problematizam (mais que se transmitem) conteúdos sobre os quais se co-intecionam. Aqui não há, pois, um sujeito, condutor, produtor e os outros objetos, passivos, só aprendizes; a rigor, todos são sujeitos, sujeitos cognoscentes – que aprendem mutuamente.

Para Freire, o homem é um ser consciente e intencional que, num processo educativo, busca construir uma relação (embora contraditória) dialética com seus interlocutores, relação na qual todos ganham. Já que todos buscam a liberdade. São relações, em suma, que partem do subjetivo para tomarem corpo na objetividade, e porque são dialéticas, tornam-se solidárias. Em Freire, a educação é um processo comunicativo e dialógico e passa pela ideia de um encontro entre interlocutores que constroem conhecimentos, ensinam e aprendem, de modo simultâneo.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Barraco na Barraca: prefeito de Igarapé-Miri agita audiência pública com cenas de baixaria




Longos discursos políticos e poucas propostas marcaram a audiência sobre segurança pública realizada nesta quarta-feira (19.02.2014) na Barraca de Sant’Ana, em Igarapé-Miri.

O encontro, com sérios problemas de condução cerimonial e métodos, foi promovido sob articulação da Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores e contou, já no final da reunião, com a presença do Secretário Adjunto de Segurança Pública do Estado do Pará, Coronel Solano. Além deste estiveram com a comunidade o comandante da Polícia Militar no Baixo Tocantins, o Superintende e o Delegado Geral da Polícia Civil nessa mesma região, assim como vereadores, padres, secretários municipais e o prefeito do Município.

Faltou pouco para que o evento se tornasse mais um entre tantos já realizados na cidade: um encontro para tirar fotos e postar nas redes sociais. Em linhas gerais, a reunião seguiu o padrão das demais: a população reclama suas dores, as polícias se defendem, irritam-se até quando são questionadas e colocam a principal culpa da insegurança nas famílias que, segundo as autoridades policiais, não conseguem mais educar seus filhos e o poder público exalta-se como quem está fazendo tudo pelo povo (só não se sabe em qual mundo, já que neste não há sinais desse fenômeno), só ainda não “corrigiu” todos os males do município porque herdou tudo acabado das gestões anteriores. Não foi mais um daqueles, deve-se acrescentar, talvez pela presença do Secretário Adjunto e das reivindicações a ele entregues por setores organizados da sociedade miriense.

Contudo, um caso atípico marcou a audiência: a presença e o comportamento do prefeito de Igarapé-Miri. Seguindo a linha de suas agitadas e já costumeiras atitudes, Sua Excelência iniciou a composição da mesa rejeitando a cadeira de cor vermelho que lhe deram. Trocou-a por uma de tom branco. Ao longo dos debates interrompeu seguidas vezes os populares não aceitando seus argumentos, esquivando-se de suas responsabilidades como gestor municipal e culpando seus antecessores pelo caos que vive Igarapé-Miri, tendo ainda atacado, verbalmente, vários direitos humanos.

Mas não satisfeito, o prefeito protagonizou outro de seus espetáculos. Depois de ter sido questionado pelos que se manifestaram em vários temas perdeu totalmente o equilíbrio quando da intervenção do vereador Josias Belo (PSC) – que o perguntou por que lhe recebera com agressões físicas na Vila de Maiauatá em ocasião passada. O Excelentíssimo novamente atacou com ofensas pessoais Josias Belo, rebaixando ao ridículo o nível da assembleia. Alguns se retiraram do recinto, outros repudiaram silenciosamente aquela atitude e, acredite, uma fatia do público aplaudiu a postura do prefeito.

De fato, uma cena como essa, vinda de um gestor público em audiência com órgãos do Estado, chega a ser deprimente, vergonhosa e ridiculariza a sociedade local diante do mundo (já que atualmente grande parte do que se faz vai para as redes sociais, quase instantaneamente). 

Aqui, uma conhecida e histórica expressão cabe bem: “e agora, quem poderá nos defender?” Seria cômico, se não fosse trágico!