Todo indivíduo tem (pelo menos) um ponto
de vista a respeito do mundo da vida, mesmo quando não o manifesta. A forma,
pois, como esse sujeito classifica todo e qualquer fenômeno reflete, em grande
medida, sua visão de mundo – e sobre aquilo que o constitui.
Tendo-se em conta que cada indivíduo é
dotado de uma subjetividade – única entre toda a humanidade – e ocupante de um
lugar e uma condição conjunturalmente particulares pode-se dizer que o ponto de
vista de alguém é sempre a vista de um ponto, como bem sintetizou Leonardo
Boff.
Significa dizer, entre outras
explicações, que o modo como uma pessoa enxerga tudo em sua volta (assim como o
que parece muito distante) é, a rigor, uma interpretação à sua maneira,
balizada por suas concepções, a partir do seu lugar e das condições que lhe são
inerentes.
Nesse sentido, parece justo aceitar que
todo discurso, mesmo aquele materializado na forma de uma matéria jornalística
– uma notícia erroneamente qualificada como “imparcial” – é, em última
instância, a maneira de entender o mundo da vida engendrada por um indivíduo,
grupo e/ou organização. Em outros termos, não há discurso neutro (nem mesmo a
notícia puramente casuística o é), porquanto é sabido que, de alguma forma, sua
formatação faz-se impregnar das intenções de quem o produziu.
A diversidade de opiniões, nessa
perspectiva, torna-se essencial para se entender a sociedade, dialeticamente,
porque expõe contradições desse universo. Convém, por isso, tomar a pluralidade
de ideias como uma atmosfera propícia à compreensão do mundo social, nunca como
obstáculo à sociabilidade.
Para tanto, é preciso rejeitar a
formação de “mentalidades imutáveis”, aquelas que transformam um indivíduo em
prisioneiro de si mesmo. Pois, como disse Raul Seixas, é preferível “ser uma
metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Talvez este espaço possa dar alguma
contribuição nesse sentido...
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