Enquanto fato histórico, a ridicularização da vida apresenta-se como
fenômeno que se expressa na cultura da banalidade, do vazio, do supérfluo, da ausência de conteúdo e criticidade. Trata-se de
um movimento que compromete o exercício do pensamento, enquanto essência e
necessidade características da constituição do homem como ser.
Com base em Lima et. al (2009, p. 02) pode-se sugerir que essa
problemática tem vinculo com o “capitalismo informacional”, cuja
produção está centrada nos “bens imateriais”. Assim, “a informação,
a linguagem, o modo de vida, o gosto são produzidos e reproduzidos pelas forças
do capital”, e isso faz com que a “subjetividade, as ‘identidades’ das pessoas,
seus valores, as imagens que fazem de si e do mundo”, sejam “fabricadas e
moldadas” (idem, p. 05).
A crise de sentido instaurada
tem se proliferado pela sociedade de forma veloz e acentuada, impactando de
modo ainda mais notável em meio aos adolescentes
e jovens, sobretudo em função de conjunturas socioeconômicas desfavoráveis e
da condição/fase humana em que se encontram esses públicos.
Nessa sociedade do ridículo, (a) veículos de comunicação elegem camaro amarelo como música revelação do
ano no Brasil; (b) redes de televisão sob orientação mercadológica expõem ao
vexame famílias já em situação de miséria, humilhando-as por seguidas horas em
rede nacional, quando da aplicação de “desafios” nada educativos, sob a
hipócrita e demagoga justificativa de que desejam prover a essas famílias a
realização de sonhos, quando na verdade escondem seus pacotes de sensacionalismo
para ganhar audiência e acumular capital a custa da desgraça alheia; e (c) o
suspiro do macho ao ver a fêmea passar por uma esquina qualquer – hum, que delícia, assim você me mata, ai se
eu te pego – vira “melodia” e se torna febre mundial, apenas citando alguns
exemplos.
Estou certo de que esse quadro de deteriorização humana se alimenta de um
efeito da ação do capital sobre a humanidade, ao qual chamo de esvaziamento de substância intelectual. Ora,
já nos é compreensível que, ao funcionar enquanto sistema, a base de organismos
integrados, o capitalismo produz a alienação das pessoas, porque a ele
interessa a manutenção do status quo. Devo acrescentar que essa alienação
tende a se perpetuar, uma vez que, segundo Gaiger (2003), “o capitalismo instaura
o processo que vem a repor sua própria realidade, a reproduzi-la historicamente”
(p. 05).
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